Archive for janeiro 2014

Breaking Bad: o Cinema na TV

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A nossa vida é cheia daquela velha reflexão mental "E SE?!", que nos faz refém de nós mesmos. Como já dizia Chico: "E se o oceano incendiar? E se cair neve no sertão? E se o urubu cocorocar?". Então a minha pergunta é: e se, você, um dia depois do seu aniversário de 50 anos (ou qualquer outro), descobrisse que estava com câncer pulmonar? E, ainda mais: inoperável?! Breaking Bad começa exatamente aí, com um BOOOM na vida de Walter Hartwell White.

Breaking Bad já vem detonando nos minutos iniciais, mostrando pro que veio: “Este programa contém enredo adulto, linguagem vulgar e cenas de sexo. Esteja o expectador ciente..

Que nem mamãe dizia: "quem não pode com o pote, segura na rodilha". Fomos avisados, então let's cook, bitches!



Antigamente, na era dos dinossauros, o cinema nos trazia grandes obras de arte, que nos enchiam dum mix de expectativa, emoção e gritos abafados de vibração. Quem aqui foi assistir nos cinemas ao Senhor dos Anéis, Django Unchained ou até mesmo Harry Potter? Aposto que em algum momento tudo foi emoção, aquele brilho no olhar, excitação, sangue voando no teu corpo, palavrões e derivados, não?! O cinema tem um brilho, todo um charme, uma magia que não pode ser explicada. Só que essa magia não é infinita, as tramas não são infinitas, os objetivos já não são mais tão os mesmos (R$). Então eu sento e te pergunto: qual foi o último filme/série que você assistiu que te deixou sem fôlego ou até mesmo dando tapinhas ao vento de comemoração? Talvez seja uma pergunta que te faça puxar a resposta longe, muito longe. Esse é o motivo pra assistir a Breaking Bad. Logo no episódio piloto, a série nos mostra Walter, o personagem principal, dirigindo descontroladamente um trailer com alguém desmaiado no banco do passageiro e outros dois jogados lá atrás, aparentemente mortos. Num certo momento, ele sai da estrada e também do trailer. Só de cuequinha e com uma câmera, no maior estilo de Pistoleiro, ele começa a gravar:

"Meu nome é Walter Hartwell White, moro na Alameda Riacho Negro, 308, Cidade de Albuquerque, no Novo México, CEP: 87104. Para as entidades de imposição da lei, isso não é uma confissão. Estou falando para a minha família agora. Skyler... você é o amor da minha vida, espero que saiba disso. Walter Júnior, você é o meu rapagão. Hav... Haverá algumas... coisas... coisas... que vocês descobrirão sobre mim logo... em poucos dias. Só quero que vocês saibam que não... Não importa o que isso pareça, eu só tenho vocês no meu coração. Adeus.".

Ao fundo do cenário, lá longe, podemos ouvir as sirenes se aproximando... Então Walter larga e câmera e se dirige pro meio da estrada com uma arma na mão e a aponta para frente. Vendo essa cena, todo esse depoimento, podemos notar que Walter é um homem que se importa muito com a família e, "com a família não se brinca". Na festa surpresa do seu aniversário de 50 anos, com toda a família e amigos reunidos na sala, começa uma reportagem com o cunhado policial de Walter na TV. Lá, vemos Hank, o cunhado de Walter, aprendendo muito dinheiro vindo da venda de metanfetamina. Walter acaba ficando encabulado com a quantidade de dinheiro, mas deixa passar. No dia seguinte, ele desmaia no trabalho e descobre que têm poucos meses de vida, com o câncer pulmonar inoperável como paradigma final. A vida tem dessas coisas... um dia estamos bem, outros dias nem aí... Mas ela segue. Então Walter liga pro seu cunhado e diz que quer participar duma operação com ele, só pra conhecer como é, por "curiosidade". Durante essa operação, ele encontra um ex-aluno seu, Jesse Pinkman, bitches! Jesse nunca foi um bom aluno, podemos notar de cara. Pinkman produzia metanfetamina e tinha acabado de perder o parceiro de produção. Nesse exato momento é que vemos uma mudança drástica na vida dum professor de Química, pai de família, sempre politicamente correto, no melhor "cozinheiro" de metanfetamina das galáxias! Walter se junta a Jesse e juntos, eles fazem a metanfetamina mais pura que todos já viram. A partir desse ponto, Walter White passa a se chamar Heisenberg, tudo pra deixar um legado pra sua família, mas no fundo, depois de tantos episódios, vemos que não é apenas isso. Walter realmente ama o que faz. Ele ama ser o centro, traficar, ter o poder nas mãos e ostentar.

Enquanto Jesse entendia do assunto, do tráfico, das ruas, White sabia como produzir algo quimicamente mais puro do que qualquer outra metanfetamina do mercado. De mocinho a monstro, Walter White se tornou um dos maiores personagens já criados nesse universo de séries e filmes e nas histórias dos carteis. Quando o assunto é negociar, Walter, o "come quieto", era um mestre na arte. Não sendo forte fisicamente, mas forte nas palavras e ações, o diretor de Breaking Bad, Vince Gilligan, criou um Monstro com "M" maiúsculo chamado Heisenberg. Na série, conseguimos chorar e rir ao mesmo tempo, sem perder toda aquela atmosfera totalmente tensa e dramática de algo feito com carinho. Podemos acompanhar o crescimento dos personagens, a evolução dos atores, uma trilha sonora de qualidade e aquela velha magia dos cinemas, só que agora diretamente na tela do seu notebook (TV). Com cinco temporadas bem feitas e com um final, que no meu ponto de vista e de nos muitos fãs, não deixou a desejar, Breaking Bad é altamente recomendado pra quem quer um entretenimento de alta qualidade.

PS: A série começou a ser exibida dia 15/01/2014, de terça à sexta-feira, a partir das 23:15, na Record. Quem quiser tentar a sorte com a "Química do Mal" (morrendo de rir hahahaha), boa sorte e boa diversão!

Links:

Assistir online (dublada ou legendada)
EZTV (download por Torrent)
Submarino

Outro novo coladorador...

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Ano passado, o Rouland, amigo que conheci conversando sobre livros e jogos, certa vez me falou sobre um blog que uma amiga estava produzindo. No momento em que ouvi a ideia, senti curiosidade, pois além de ser o "estilo" de blog que eu leria, já tenho uma base de como funciona um, pois também tenho. Então, recebi o convite pra fazer parte do grupo de colaboradores com eles e, resolvi aceitar. Não costumo falar em primeira pessoa, em me apresentar, mas nos últimos tempos venho tendo facilidade em fazer isso. Meu nome é Rodrigo Nonato, mas escrevo com o pseudônimo de Dorigor e, sou estudante de Sistemas de Informação pela UFAC. Tentarei trazer procês, leitores, postagens sobre séries, filmes, livros, música (nem sempre), jogos e talvez, caso apareça algo interessante na minha área, a de tecnologia, tentar filtrar o melhor e trazer. Enfim, espero que gostem (ou não) e não se acanhem em comentar, pois críticas construtivas fazem bem pro corpo e a mente. Até!

O Cemitério de Praga, por Umberto Eco

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Durante o século XIX, entre Turim, Palermo e Paris, encontramos uma satanista histérica, um abade que morre duas vezes, alguns cadáveres num esgoto parisiense, um garibaldino que se chamava Ippolito Nievo, desaparecido no mar nas proximidades do Stromboli, o falso bordereau de Dreyfus para a embaixada alemã, o aumento gradual daquela falsificação conhecida como Os Protocolos dos Sábios Anciãos de Sião, que inspirará a Hitler os campos de extermínio, jesuítas que tramam contra os maçons, maçons, carbonários e mazzinianos que estrangulam os padres com as suas próprias tripas, um Garibaldi artrítico com as pernas tortas, os planos dos serviços secretos piemonteses, franceses, prussianos e russos, os massacres numa Paris da Comuna em que se comem os ratos, golpes de punhal, horrendas e fétidas reuniões por parte de criminosos que entre os vapores do absinto planeiam explosões e revoltas de rua, barbas falsas, falsos notários, testamentos enganosos, irmandades diabólicas e missas negras.







Umberto Eco é um escritorfilósofosemiólogolinguista e bibliófilo italiano de fama internacional. É titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de ciências humanas na Universidade de Bolonha e é considerado um dos nomes mais importantes da semiologia ainda vivos. Com uma escrita original, onde mistura realidade com ficção, foi autor de clássicos como O Nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault.  


Em O Cemitério De Praga o autor nos apresenta à uma trama ligada fielmente à história da Europa, onde todos os documentos e personagens citados são reais, com exceção de Simone Simonini, o protagonista. Mas mesmo o personagem principal pode confundir o leitor, pois pratica atos reais, que foram, de fato, exercitados por outras pessoas. O livro funciona como um autêntico diário de uma pessoa com uma espécie de amnésia, portanto pode parecer ao inicio um livro confuso e chato. Mas confusa é a exata definição de como está a mente do senhor Simonini.


Depois de ter se envolvido em mais tramas do consegue contar, Simonini vêm sofrendo de lapsos de memória. Eventualmente ele conhece um jovem, chamado Sigmund Freud, que o recomenda iniciar um diário, voltando alguns dias no tempo para tentar descobrir a origem desses lapsos. Porém a mente de Simonini está muito fragmentada, e ele não consegue lembrar de boa parte das coisas que fez nas ultimas semanas.


Ao ler o "diário" de Simonini também nos deparamos com os relatos de outro personagem, o abade Dalla Piccola, o que acaba por ser mais do que confuso, uma vez que o velho abade está morto, e pelas mãos do próprio Simone Simonini.


Simonini é um homem odioso, um dos personagens mais repulsivos de toda a literaturara, ficando para trás apenas de Joffrey Baratheon d'As Crônicas de Gelo e Fogo. Além de odiar as mulheres, por considera-las seres contaminosos, também odeia os judeus. Chegando a cogitar uma utópica eliminação de todos os judeus da face da Terra na seguinte passagem:



“Um dia será necessário tentar a única solução razoável, a solução final: o esterminío de todos os judeus. Até as crianças? Até as crianças. Sim, eu sei, pode parecer uma ideia típica de Herodes, mas, quando se lida com a semente ruim, não basta cortar a planta, convém arrancá-la. Se o senhor não quer mosquitos, mate as larvas.” p. 301

Podemos dizer que Simonini é um nerd ao maior estilo "noir", pois odeia sexo e ADORA COMER, o que faz o livro nos apresentar infinitas descrições de refeições. Mas além dessas características odiosas, ele também é um excelente falsificador de documentos. Um mestre da conspiração, e especialista em reproduzir a grafia de outras pessoas. Em toda a narrativa Simonini envolve-se em complôs contra judeus e maçons, falcatruas religiosas, conspirações, rituais satanistas, assassinatos, explosões e engana praticamente todos os personagens que encontra. Do estereotipo vilão da novela das 8, que tem como objetivo simples se dar bem. E é com isso na cabeça que ele começa a participar de conspirações políticas, com revolucionários como Garibaldi. Após isso, muitas outras conspirações batem em sua porta, e ele participa com prazer – não por gostar de conspiração, mas por amar a vida boa que o dinheiro lhe dava. Uma dessas conspirações é a origem dos seus lapsos de memória, e como de costume eu não vou contar.

A ideia do autor foi criar um livro histórico, e contar a obscura trama por trás da criação dos execráveis Protocolos dos Sábios de Sião, uma conhecida falsificação geralmente atribuída ao serviço secreto da Rússia czarista, a Okhrana. Os escritos, que se acredita terem sido baseados em um texto francês, descreviam um suposto plano para a dominação mundial pelos israelitas. E serviriam de inspiração a Hitler para os campos de concentração.


Obs: Esse não é o tipo de literatura comum ou simples, o livro do qual eu falo é complexo e "complexo" é o sinônimo de chato para algumas pessoas. Recomendo esse livro apenas para amantes de história, e para aquelas que gostam de ler sobre maquinações ou conspirações.

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