Confesso que sempre tive receio de ler uma obra da Agatha Christie. Isso pode soar machista, mas a impressão que eu tenho é que livros de autoras não me agradam, com exceção do vasto mundo criado por J. K. Rowling na saga de Harry Potter. Mas um dia meu primo me falou sobre ela, e ele me disse que ela é uma das autoras de maior sucesso que já esteve entre nós, seus livros podem ser encontrados em mais de 100 idiomas diferentes e já totalizaram 4 bilhões de cópias vendidas, sendo superado apenas pela Bíblia. Então eu pensei que algo de interessante devia haver na escrita dessa mulher. Meu primo recomendou “O Caso dos Dez Negrinhos”, eu li e me apaixonei.
“O Caso dos Dez Negrinhos” foi lançado em 1939 no Reino
Unido, e posteriormente foi lançado nos Estados Unidos como “E não sobrou nenhum..”.
É o livro mais vendido de Agatha Christie, totalizando a marca de mais de 100
milhões de cópias vendidas.
O livro nos transporta para uma pequena e remota ilha na
costa de Devon. Oito pessoas foram convidadas à ilha por um casal desconhecido,
identificados apenas pelas iniciais U. N. Owen. Todos os oito personagens foram
atraídos para ilha por motivos diferentes, motivos esses que são retratados na
primeira parte do livro, que relata a viagem de cada convidado. Ao chegarem na
ilha os oito são recebidos por um casal de criados que informam que o senhor e
a senhora U. N. Owen não puderam chegar a tempo e que os convidados terão de
esperar. Mais tarde, depois do jantar, os hospedes ouvem uma voz que distribui
acusações de assassinatos à cada um dos convidados, incluindo o casal de
criados. Todos ficam indignados e apavorados ao mesmo tempo e tentam procurar
informações sobre o casal anfitrião com o casal de criados, mas eles nunca se
encontraram na vida e a comunicação entre os patrões e os criados foi feita
exclusivamente por cartas e cheques. A única maneira de sair da ilha é de
barco, mas o mar se encontra muito agitado, impedindo que qualquer barco chegue na ilha.
O terror toma conta do ambiente quando os convidados vão
sendo assassinados um por um, seguindo fielmente um poema que é encontrado nos quartos
dos hospedes:
Dez
negrinhos vão jantar enquanto não chove;
Um deles se
engasgou e então ficaram nove.
Nove
negrinhos sem dormir: não é biscoito!
Um deles cai
no sono, e então ficaram oito.
Oito
negrinhos vão a Devon em charrete;
Um não quis
mais voltar, e então ficaram sete.
Sete
negrinhos vão rachar lenha, mas eis
Que um deles
se corta, e então ficaram seis.
Seis
negrinhos de uma colméia fazem brinco;
A um pica
uma abelha, e então ficaram cinco.
Cinco
negrinhos no foro, a tomar os ares;
Um ali foi
julgado, e então ficaram dois pares.
Quatro
negrinhos no mar; a um tragou de vez
O arenque
defumado, e então ficaram três.
Três
negrinhos passeando no zoo. E depois?.
O urso
abraçou um, e então ficaram dois.
Dois
negrinhos brincando ao sol, sem medo algum;
Um deles se
queimou, e então ficou só um.
Um negrinho
aqui está a sós, apenas um;
Ele então se
enforcou, e não sobrou nenhum.
Agatha Christie cria um clima de tensão com maestria. Ao
ler o livro ficamos intrigados tentando descobrir quem é esse maldito
assassino. Eu mesmo cheguei a cogitar a possibilidade dele estar se escondendo na
ilha, mas em certo ponto da história os personagens fazem uma busca geral pelo
lugar e percebem que o assassino é um dos convidados, mas quem?
Posteriormente a polícia chega ao local e encontra 10
corpos. Uma investigação é iniciada e então podemos ler o epílogo do livro, que
se trata de uma carta do assassino, contando o porque e como ele arquitetou tal
plano. O final acaba por ser surpreendente.
“E não sobrou nenhum...” ou “O caso dos dez negrinhos” é
uma obra prima quando estamos falando de romances policiais. Se você nunca leu
o gênero, como eu não havia lido, vai querer se aprofundar ainda mais nele. E como Agatha
Christie é autora de mais de 80 livros, parece que vamos ter muito que ler pela
frente.
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One Response to “E não sobrou nenhum... / O caso dos dez negrinhos”
Eu sou fã de romances policiais e suspense, muuuuito suspense. Me deu bastante vontade de ler \o/
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