Archive for fevereiro 2014

Ni No Kuni: Wrath of the White Witch [Ps3]

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O amor é um sentimento inexplicável, né?! Ao mesmo tempo que é paradoxal, esse sentimento também é um axioma mundial: sabemos o que é (nem sempre (?)),  principalmente quando o sentimos, mas não sabemos explicá-lo ou ter uma definição. Então, pra fazer você tremer na base, caro leitor, te faço a seguinte pergunta: até qual ponto você iria pra salvar alguém que ama?! Ni No Kuni responderá essa pergunta!

Amor materno: Allie e Oliver. <3

Enredo: Inicialmente lançado em 2011, mas chegando apenas em 2013 no Ocidente, Ni No Kuni me fez gastar 45 horas na frente da TV enquanto ria, chorava e vibrava ao mesmo tempo que avançava na estória. Oliver, um garoto de apenas 13 anos, livre de toda maldade ou da essência corrompida pela sociedade, uma criança com o coração puro, é o foco de Ni No Kuni. Vive com a sua mãe, Allie, na pequena cidade de Motorville e, é apaixonado por coisas mecânicas, como carros etc. Certo dia, seu amigo nerd, Philip, o encontra e diz que finalmente terminou de construir o seu carro e chama Oliver pra fazer o test drive. A princípio, Oliver diz que não, pois é muito perigoso e que a sua mãe não deixará, mas logo depois finda marcando de encontrá-lo a noite e fazer o teste. Criança ama diversão, afinal.


Oliver e Philip, aprontando e sendo crianças.
Oliver, na calada da noite, sai de mansinho, faz o ~ninja~ e vai de encontro a Philip, pra testar o carro. Maravilhado com a beleza do que foi produzido, Oliver pede pra ser o primeiro a dirigir (tá sentindo o cheiro de encrenca no ar? Não?! Então CORRÂ, LINDA!). No momento em que eles colocam o carro na rua e saem por aí, fazendo o cover de GTA, a mãe de Oliver tem um insight,  essas coisas de mãe e, acorda no meio da noite e nota que Oliver sumiu. O garoto, ingênuo e sem CNH, acaba perdendo o controle do carro e vai parar no meio dum lago na cidade. Do outro lado da estória, Allie sai de casa, desesperada, em sua busca por seu pequenino e o salva. Até esse ponto, "tudo bem", mas quando chegam em casa, Allie começa a sentir fortes dores no peito (infarto) devido a emoção da noite e é levada ao hospital, lugar em que dias depois, falece. Agora, como Oliver, de apenas 13 anos iria viver? Nem eu sabia, mas quando Oliver tenta aliviar o turbilhão de sentimentos, principalmente o de culpa e o de saudade, chora abraçado com um boneco que sua mãe o presenteou e disse a Oliver que ele o protegeria, findamos descobrindo. O boneco, um bichinho estranho, meio elefante, meio batatinha, quando as lágrimas de Oliver caem sobre ele, começa a ganhar vida (?) e a falar. Somos apresentados ao Mr. Drippy e ele diz que é uma fada (do sexo ~masculino~ hehehe) e que vem doutro mundo. Esse outro mundo é um reflexo do nosso e é lá onde as nossas almas gêmeas vivem. Essas almas gêmeas também são o nosso reflexo, com a mesma essência e derivados. Se você está triste, por exemplo, a sua alma gêmea também estará. Sentiu o laço?
Mr. Drippy nos traz esperança! Esperança pra trazer a mãe de Oliver novamente a vida, explicando que em seu mundo, existe um mago negro chamado Shadar, the Dark Djinn e que ele quebra os corações das pessoas do mundo de Drippy, roubando o amor, o carisma, a coragem etc. Como consequência disso, também quebrará o coração da sua alma gêmea que vive no mundo de Oliver. Agora, será que você entendeu o que aconteceu com a mãe de Oliver?! Em O Outro Mundo (Ni No Kuni, traduzindo pra PT), a alma gêmea da mãe de Oliver era uma grande sacerdotisa e que por motivos desconhecidos até o início do jogo, foi banida e aprisionada por Shadar dentro duma esfera. Foi exatamente nesse momento em que a mãe de Oliver, Allie, faleceu. A esperança de Oliver é despertada quando Mr. Drippy diz que talvez, talvez, juntos, eles possam trazer Allie de volta, mas antes, precisam destruir Shadar. Oliver, espantado como eles fariam isso e como iriam pro O Outro Mundo e destruiriam Shadar, sendo que ele era apenas um menininho de 13 anos, ficou extasiado quando ganhou um diário de mágicas, junto duma varinha. Com o auxílio da sua fada madrinha(fado padrinho), Oliver executa a magia Gateway e então um portão é aberto. Esse é o portal que conecta os dois mundos. Ambos entram e é quando realmente vivemos uma fantasia inimaginável.

Mr. Drippy e Oliver executando a magia Gateway.

Enfim, Ni No Kuni!

Gráficos: Venho colocando imagens do jogo desde o início apenas com uma intenção: mostrar o quão belos e magníficos são os gráficos em Ni No Kuni. Produzidos pela Level 5, empresa que trouxe grandes JRPGs (RPGs japoneses) ao mercado,  como Dragon Quest VIII e Rogue Galaxy, ambos pra plataforma Ps2, juntamente com o Studio Ghibli, que produziu a tão renomada e cativante animação, A Viagem de Chihiro, fizeram um trabalho de tirar o fôlego! Desde o mapa-mundial até os detalhes mais sutis dos ambientes, como florestas encantadas, vales envenenados, o vento batendo no teu rosto e movimentando as árvores e tudo ao redor, são extremamente bem detalhados e feitos com um amor especial. Sem dúvida, essa obra de arte possui uns dos melhores gráficos já criados nos videogames, levando você, jogador ou expectador, a um mundo completamente cativante e que faz os nossos olhos brilharem (own =*.*= ).

Algumas imagens dessa obra de arte! <3

Trilha sonora: Sabe aquelas músicas que te levam a lugares dum estado espiritual superior? É poesia em forma de música, com pequenas doses de paz interior. A trilha de Ni No Kuni é produzida pela Orquestra Filarmônica de Tóquio. A música tema, produzida por Joe Hisaishi, que também é responsável pelas trilhas do Studio Ghibli, é apenas um pedaço da grandiosidade musical que Ni No Kuni apresenta. Junto com o enredo e os gráficos, a trilha sonora traz uma harmonia sem comparação no jogo.



Sistema de batalha: Pra fechar o pacote com chave de ouro, fomos presenteados com um sistema de batalha em tempo real misturado com algo das antigas. "Menino, o que tu falou, doido?!", calma! Cada personagem, como Oliver e seus companheiros, que vão entrando ao decorrer da estória, podem carregar até três familiares. Os familiares são as criaturas que vivem no universo de Ni No Kuni. Após lutarmos com elas, elas podem se apaixonar e você pode encantá-las tocando a sua harpa mágica! Feito isso, elas são levadas pruma espécie de gaiola, onde podemos alimentá-las, aumentando os seus status (como ataque, defesa, magia etc) e evolui-las. O jogo dispõe de 400 familiares, contando com as evoluções de cada um. Um familiar, por exemplo, quando no estágio final, é possível escolher qual será a sua forma final, levando o teu companheiro a diferentes tipos de poderes.

Personagens e seus respectivos familiares.

Enquanto caminhamos pelas cavernas, montanhas ou navegamos pelo mar em Ni No Kuni, podemos ver os inimigos. Quando tocamos neles, entramos em batalha. Então, temos a opção de escolher entre os personagens ou os seus respectivos familiares. Dependendo da sua estratégia, podemos nos movimentar por todo o cenário de batalha e escolher as suas ações, como soltar magia "x" ou "y", defender o ataque do inimigo ou voltar ao controle de seu mestre.


Resumo: Depois de tudo isso que falei, a única coisa que você pode fazer, é correr e comprar o jogo, bebê! Ni No Kuni também possui uma versão pra Nintendo DS, mas bem inferior a de Ps3, plataforma em que fiz a análise. O que falar desse jogo que nem joguei mas que já considero pakas?! Ni No Kuni: the Wrath of the White Witch, apesar do enredo clichê, mas que é muito bem contado, pode parecer infantil, mas tenha certeza de que grandes desafios estão a sua espera. Vale comprar, fazer 100%, jogar novamente e até colocar na parede, num quadro de ouro. Todos os gamers estavam com saudade dum bom JRPG, principalmente o Dorigor, amante de bons enredos e Finais Fantasies.
Trailer do jogo:



Nota: 1.000!


Links:

The Following, colocando histórias sobre psicopatas no bolso

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Quem me conhece sabe que eu classifico seriados entre dois grupos: Game Of Thrones e aqueles que são quase tão bons como Game Of Thrones. Mas ano passado eu fui apresentado à um seriado que abalou essa classificação, The Following.


The Following é focada no conflito psicológico entre duas pessoas: Ryan Hardy e Joe Carroll.


Joe Carroll era um renomado professor de literatura, pai de família, com um casamento feliz. Um homem charmoso e aparentemente inofensivo, que surtou após seu primeiro livro ter sido um fracasso critico e que foi condenado em 2004 por assassinar 14 alunas no campus da Universidade em que trabalhava.






Ryan Hardy era um agente do FBI e foi responsável pela captura de Joe Carroll, no ponto de partida da série Ryan enfrenta problemas com alcoolismo e está afastado do Bureau. Sua vida vira de cabeça pra baixo quando ele é chamado de volta da sua aposentadoria para ajudar a encontrar Joe Carroll mais uma vez, que conseguiu escapar do corredor da morte.



O FBI estima que existam mais de 300 assassinos em série ativos nos Estados Unidos. Agora imaginem como seria se todos esses assassinos tivessem contato um com o outro e fossem conectados por um ideal em comum? Joe Carroll foi capaz dessa façanha! Com a ajuda de um policial e da biblioteca digital da prisão, onde ele tinha acesso à internet, o brilhante psicopata foi capaz de juntar várias pessoas com distúrbios psicóticos e canalizar esses distúrbios em favor de si próprio.


De forma sedutora, Joe Carroll convenceu os seus seguidores de que a única forma de se viver feliz é matando. Muitos o consideram como uma figura paterna, outros o veneram como se fosse um deus.
Durante dois anos, o professor organizou uma seita de assassinos, e esquematizou um grande plano onde seus seguidores iriam o ajudar a acabar com a vida de Ryan Hardy aos poucos.

Ryan tinha 14 anos quando sua mãe perdeu uma batalha contra leucemia, quando tinha 17 perdeu seu pai, que foi morto ao tentar impedir um assalto a uma loja. Ryan e sua irmã também tinham um outro irmão, que era bombeiro e que morreu trabalhando no ataque de 11 de setembro. A vida de Ryan sempre foi cercada de morte, e Joe Carroll sabe disso muito bem. E é através disso que Joe Carroll mexe com o psicológico de Ryan ao ponto de deixa-lo surtado.

Mas nem sempre Joe Carroll nutriu esse ódio pelo agente. Ryan Hardy, depois do julgamento, se envolveu amorosamente com Claire Matthews, que era esposa do professor psicopata. Mesmo com uma mente conturbada, porém brilhante, percebemos que Joe Carroll ama Claire e que todo o ódio que agora ele nutre por Ryan surgiu desse envolvimento amoroso que sua mulher teve com o agente.

É importante lembrar que Joe Carroll é um fã assumido de Edgar Allan Poe, um renomado escritor americano que também via beleza na morte. Inclusive o livro de Joe Carroll, chamado O Mar Gótico, é uma continuação para um manuscrito inacabado de Edgar Allan Poe.

O seriado é lotado de referências a Edgar Allan Poe, alguns dos seguidores usam máscaras com o rosto do escritor, citações são deixadas nas cenas dos crimes e outros tantos detalhes. Abaixo um exemplo...


NEVERMORE é uma clara referência ao poema "The Raven", de Edgar Allan Poe. Aqui a Wikipedia pode nos dar um resumo: "Neste poema, a figura do misterioso corvo que pousa sobre o busto de Pallas (ou Atena, na maioria das traduções feitas para o português como a de Fernando Pessoa) representa a inexorabilidade da morte e seu impacto sobre o personagem, o qual, no seu papel de arquétipo correspondente às tendências da geração literária de Poe, lamenta e sofre profundamente com a perda de sua amada Leonora (Lenore, no original). No final do poema, o corvo, o qual representa, como dito acima, a inexorabilidade da morte, repousa sobre o busto de Pallas simbolizando o pesar eterno que se abateu sobre a alma do protagonista."

The Raven ilustrado por Gustave Doré


Quando The Following foi anunciada, o poster de divulgação tinha os dizeres: 
"...The most SUSPENSEFUL... the most ACTION-PACKED... the BEST NEW SHOW of the season!"
E eu posso dizer que não tinha nenhuma mentira nesse poster. O show agradou todos que assistiram e tem sido um grande sucesso. Atualmente a série encontra-se na segunda temporada. Um seriado do jeito que eu gosto, impactante e cheio de revira-voltas, com uma característica já comum em Game Of Thrones e The Walking Dead: ninguém está a salvo.

Links:

Contracorriente – Humanidade x Moralidade

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O filme Contracorriente, produzido em 2009 pelo diretor estreante Javier Fuentes-León, possui linguagem descomplicada e direta. O longa ilustra a temática homossexual em um pequeno e pacato vilarejo, onde todos se conhecem desde crianças. No cenário o tempo parece ter parado e o papel do homem é delimitado em trabalhar, casar, cuidar da família e manter toda a estrutura necessária para seus descendentes. Nesse panorama arcaico, o protagonista Miguel (Cristian Mercado), que segue todos os padrões e tradições em que nasceu inserido, se envolve com o artista plástico forasteiro, Santiago (Manolo Cardona) que se apaixona por ele, iniciando o conflito que torna o roteiro envolvente e instigante.

No decorrer do filme Miguel divide-se em dois. Marido e amante. Apesar de amar a esposa Mariela (Tatiana Astengo) e aguardar ansiosamente pelo nascimento do primogênito, ele não consegue se afastar desse modelo social em que foi criado. Assim, a repreensão do próprio desejo/paixão causa agonia e tristeza, prendendo totalmente a atenção do telespectador ao despertar a curiosidade para a resolução da trama. O contraste entre a obrigação de ter que agir conforme é esperado e agir como realmente quer, move o protagonista e provoca o questionamento tanto nele quanto quem assiste. Miguel ama as duas vidas que tem mas de maneira distinta e particular. O desenrolar da história traz o aspecto sobrenatural, com a morte de Santiago, que estimula Miguel a admitir sua verdadeira paixão ao aparecer na forma de espectro.

É possível notar o turbilhão de sentimentos e vontades distintas que perturbam Miguel, que no final faz sua escolha e é, de certa forma, respeitado por ela – apesar da relutância inicial dos moradores da vila de pescadores, um povo enraizado em crenças religiosas e sociais. Alguns acabam por ‘conceder’ a Miguel e Santiago a compaixão e compreensão merecidas.
O filme peruano é envolvente. O cenário é esplêndido e paradisíaco. Os sentimentos são intensos e as fatalidades velhas conhecidas. A realidade dos erros cometidos afasta todo o projeto do roteiro hollywoodiano em que existem felizes pra sempre - ou a absolvição de todos os pecados cometidos. Está claro que existe o dilema, mas não apenas de forma carnal. O que garante à película qualidade e originalidade que anda em falta na cinematografia. Originalidade essa que em 2011, foi premiada em diversos festivais de cinema, como o San Sebastián International Film Festival (melhor filme) e Havana Film Festival (melhor roteiro), entre outros. 

Fica a dica. Vale a pena assistir com atenção e mente aberta – esforços devidamente recompensados no final. 

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