Umberto Eco é um escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano de fama internacional. É titular da cadeira de Semiótica e diretor da Escola Superior de ciências humanas na Universidade de Bolonha e é considerado um dos nomes mais importantes da semiologia ainda vivos. Com uma escrita original, onde mistura realidade com ficção, foi autor de clássicos como O Nome da Rosa e O Pêndulo de Foucault.
Em O Cemitério De Praga o autor nos apresenta à uma trama ligada fielmente à história da Europa, onde todos os documentos e personagens citados são reais, com exceção de Simone Simonini, o protagonista. Mas mesmo o personagem principal pode confundir o leitor, pois pratica atos reais, que foram, de fato, exercitados por outras pessoas. O livro funciona como um autêntico diário de uma pessoa com uma espécie de amnésia, portanto pode parecer ao inicio um livro confuso e chato. Mas confusa é a exata definição de como está a mente do senhor Simonini.
Depois de ter se envolvido em mais tramas do consegue contar, Simonini vêm sofrendo de lapsos de memória. Eventualmente ele conhece um jovem, chamado Sigmund Freud, que o recomenda iniciar um diário, voltando alguns dias no tempo para tentar descobrir a origem desses lapsos. Porém a mente de Simonini está muito fragmentada, e ele não consegue lembrar de boa parte das coisas que fez nas ultimas semanas.
Ao ler o "diário" de Simonini também nos deparamos com os relatos de outro personagem, o abade Dalla Piccola, o que acaba por ser mais do que confuso, uma vez que o velho abade está morto, e pelas mãos do próprio Simone Simonini.
Simonini é um homem odioso, um dos personagens mais repulsivos de toda a literaturara, ficando para trás apenas de Joffrey Baratheon d'As Crônicas de Gelo e Fogo. Além de odiar as mulheres, por considera-las seres contaminosos, também odeia os judeus. Chegando a cogitar uma utópica eliminação de todos os judeus da face da Terra na seguinte passagem:
“Um dia será necessário tentar a única solução razoável, a solução final: o esterminío de todos os judeus. Até as crianças? Até as crianças. Sim, eu sei, pode parecer uma ideia típica de Herodes, mas, quando se lida com a semente ruim, não basta cortar a planta, convém arrancá-la. Se o senhor não quer mosquitos, mate as larvas.” p. 301
Podemos dizer que Simonini é um nerd ao maior estilo "noir", pois odeia sexo e ADORA COMER, o que faz o livro nos apresentar infinitas descrições de refeições. Mas além dessas características odiosas, ele também é um excelente falsificador de documentos. Um mestre da conspiração, e especialista em reproduzir a grafia de outras pessoas. Em toda a narrativa Simonini envolve-se em complôs contra judeus e maçons, falcatruas religiosas, conspirações, rituais satanistas, assassinatos, explosões e engana praticamente todos os personagens que encontra. Do estereotipo vilão da novela das 8, que tem como objetivo simples se dar bem. E é com isso na cabeça que ele começa a participar de conspirações políticas, com revolucionários como Garibaldi. Após isso, muitas outras conspirações batem em sua porta, e ele participa com prazer – não por gostar de conspiração, mas por amar a vida boa que o dinheiro lhe dava. Uma dessas conspirações é a origem dos seus lapsos de memória, e como de costume eu não vou contar.
A ideia do autor foi criar um livro histórico, e contar a obscura trama por trás da criação dos execráveis Protocolos dos Sábios de Sião, uma conhecida falsificação geralmente atribuída ao serviço secreto da Rússia czarista, a Okhrana. Os escritos, que se acredita terem sido baseados em um texto francês, descreviam um suposto plano para a dominação mundial pelos israelitas. E serviriam de inspiração a Hitler para os campos de concentração.
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